Nasa diz que não tem condições de detectar e destruir asteróides


Apesar de os filmes de ficção já terem apresentado diversas soluções mirabolantes para destruir os asteróides perigosos que ameaçam a vida na Terra, na vida real a Nasa é provavelmente a única agência espacial capaz de fazê-lo, mas esbarra em um problema desconhecido pelos cineastas de Hollywood: a falta de dinheiro


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Segundo um relatório publicado esta semana pela Academia Nacional de Ciências, dos EUA, apesar da Nasa ser a responsável por rastrear os asteróides que ameaçam o planeta, até agora nenhuma verba foi destinada para a construção de qualquer telescópio rastreador e mesmo assim a agência é obrigada, por lei, a rastrear 90% das rochas potencialmente perigosas até 2020. Segundo a Nasa, apenas um terço desse trabalho foi concluído.

Estima-se que existem pelo menos 20 mil asteróides com mais de 140 metros de diâmetro capazes de ameaçar a Terra, mas apenas 6 mil deles foram descobertos e tiveram suas órbitas calculadas. De acordo com Lindley Johnson, diretor da Nasa para o programa de objetos próximos à Terra, NEO, apesar do choque de uma rocha entre 140 metros e 1 quilômetro de diâmetro não ter condições de acabar com a Terra, o impacto pode devastar grande parte do planeta.

Desconhecidos
O maior problema para os pesquisadores não é com os asteróides e cometas já mapeados, mas com aqueles ainda desconhecidos, como o que se chocou com o planeta Júpiter em julho passado (2009) e criou uma cicatriz atmosférica maior que a Terra. Na ocasião o choque pegou os astrônomos de surpresa, já que não haviam detectado nenhum objeto se dirigindo contra o gigante gasoso.

Apesar de serem obras de ficção, filmes como Impacto Profundo despertaram a atenção do público para um problema real, mas não sensibilizaram os políticos americanos a destinar mais verbas para o programa de prevenção que eles próprios criaram. E para piorar as coisas, queiram ou não os antiamericanos, a agência espacial dos EUA talvez seja a única em todo o mundo capaz de tocar um programa dessa envergadura.

"O governo americano é praticamente o único que pode fazer isso, o que mostra que o problema não está sendo enfrentado", disse Lindley Johnson, diretor-executivo da Planetary Society, uma organização não-governamental de defesa da exploração do espaço.


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A Nasa estima que seriam necessários US$ 800 milhões para detectar todos os asteróides que a lei determina entre 2009 e 2020, mas de acordo com Johnson US$ 300 milhões já são suficientes para detectar a maioria dos objetos com mais de 300 metros. No entanto, essa verba talvez nunca seja destinada. No entender do professor de política espacial da Universidade George Washington, John Logsdon, não existe um grande lobby que pressione o congresso e por isso mesmo não desperta o interesse dos políticos.


Perigosos
Atualmente, um dos objetos que mais chama a atenção dos cientistas é um asteróide de 130 metros de comprimento chamado 2007 VK184. Observações recentes sugerem que existe 1 chance em 3 mil de que 2007 VK184 se choque contra a Terra nos próximos 50 anos. Segundo os cálculos, o impacto da rocha produziria energia equivalente a 150 milhões de toneladas de TNT, aproximadamente 10 mil vezes a bomba atômica lançada sobre Hiroshima em 1945.

Entretanto, à medida que as observações são refinadas os modelos computacionais reduzem as probabilidades de impacto e em pouco tempo as chances de que 2007 VK184 atinja a Terra serão praticamente nulas. Outro asteróide que tem chances de se chocar contra a Terra é o famoso Apophis. Com aproximadamente 250 metros de diâmetro, a rocha tem uma chance em 33 mil de acertar nosso planeta em 2036, 2037 ou 2069.


Artes: No topo, concepção artística mostra a ejeção de material após o choque de um objeto de grandes proporções contra o oceano. Acima, modelo tridimensional mostra a aparência do asteróide Apophis, um dos objetos mais vigiados pelos pesquisadores. Crédito: Wikimedia Commons/www.apolo11.com.

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