JANELAS PARA O UNIVERSO

Romanticamente falando, esse poderia ser o nome do telescópio.

Antes de sua invenção, possuíamos apenas um pequeno (porém muito importante) instrumento de observação, nossos olhos. É como se até então as janelas para o universo estivessem fechadas.

Obviamente, muitas coisas já tinham sido descobertas nesta época. Entre elas, sabíamos que existiam sete astros errantes, e para esses astros deram o nome de planetas. Eram eles: Mercúrio, Vênus, Marte, Saturno, Júpiter, Lua e Sol (nos textos de Francis Bacon, por exemplo, podemos perceber o Sol e a Lua sendo chamados de planetas). Percebam que a própria Terra não entrava nesta categoria celestial.

Também eram conhecidos na época pré-telescópica objetos difusos, nebulosos aos quais deram o apropriado nome de Nebulosas. Duas delas têm uma pequena história curiosa.

Quando as caravelas européias adentraram os mares do sul, além de estrelas desconhecidas, viram também duas nuvens para os lados do sul. O estranho nestas nuvens, é que, dia após dia elas estavam lá, sempre na mesma região. Não eram iguais as nuvens que estavam acostumados a ver, que se desfaziam e mudavam de forma rapidamente. O conhecido navegador Fernão de Magalhães recebeu uma homenagem e hoje conhecemos as Nuvens de Magalhães. Enfim, não eram nuvens aquilo que os navegadores viam, sabemos hoje, são duas galáxias satélites da Via Láctea e é graças ao telescópio que temos hoje este conhecimento.

O telescópio teve (e ainda tem) um papel muito importante na história da humanidade, por que são mais que descobertas que ele nos dá acesso, são mudanças na forma de ver o mundo, quebras e remodelamento de paradigmas, crises e revoluções científicas, como diria Thomas Kuhn.

Quando o telescópio foi apontado para o céu, há 400 anos atrás, foi como se as janelas para o universo tivessem sido enfim abertas.

Sobre o autor: Osvaldo de Souza é aluno de física da Universidade de São Paulo, trabalha junto ao projeto Telescópios na Escola e é monitor do Observatório Abraão de Moraes (USP), em Valinhos, SP.

Fonte: www.boletimsupernovas.com.br

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